segunda-feira, 27 de agosto de 2007

Vereda


Na incandescência do dia
Sertanejo-me tal qual o Rosa dizia...

Meu corpo ressequido chora

Uma torrente ilusória de desilusão

Mal contida no oco mandacaru.

Caatingo no outono que já chega

Castigando de pronto o dilatado corpo.
Ardo em brasas de fogueira

Juninas que prematuramente

Dançam em minha mente...

No intricado desenho da pele

Rachada, tal qual solo árido,

Choro lágrimas que mapeiam

A pele, em braile, para uma
Leitura em cega seca, que

Umidifica a alma na dor muda

Que ecoa brejeira junto ao canto
Negro do assum preto, que canta

A brasa tarde que o cegou de dor...


Patrícia Gomes

Imagem: Paulo Moura


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