
Distraída
Traí a noite
E pari o
Mar!
Patrícia Gomes
Imagem: Lukas Ptacek
Patrícia Gomes
Imagem: Rebecca Parkes
Sonhos tantos
Uns tortos,
Outros insanos
Sonhos vivos,
Rotos,
Meus...
Sangrei-me à procura
De passos que marcassem o
Caminho ao lado dos meus
Passos rasos pouco ficaram
Sorri ao perceber que
Templo sou e em mim,
Tal qual Rimbaud
Tornei toda desordem
Sagrada...
Patrícia Gomes
Como a metade que tenho
É ranzinza e inquieto
Tal qual a metade que tenho
Ele é problemático e silencioso
Assim como a metade que tenho
É irritante e intransigente
Da mesma forma que a metade que tenho
É maluco e me ama
Como a louca metade que tenho
Ele é senhor de um campo vasto
Da vida que tenho
Como poucos...
Como poucos!!
Em como ela se faz consorte
Fiel e constante.
A cada dia nos enreda mais e mais
Nos faz navegar em águas mansas
E tantas vezes densa...
Outro dia dizia da própria morte:
Se é pra morrer de vez
Que seja suave, sem aviso
Sem lamúrias
No barulho do
Meio da rua
Bagunçando ainda mais
O caótico trânsito.
Se for pra morrer que seja assim
Um modo tão bonito de partir...
Queira Deus que, ao abreviar
Os meus dias, o faça
Com uma bala perdida...
Patrícia Gomes
Teu beijo se aventurasse
Pelo meu corpo inteiro
Percorrendo absorto
Meus pêlos e montes
Escalasse sem receios os
Picos intumescidos dos
Meus seios e
Explorasse tranqüila
E urgentemente o vale
Que nasce em meu ventre
Saciando sua sede na
Nascente dos meus segredos...
Patrícia Gomes
Temia o medo que sentia, pois sabia quanto mal lhe fazia, mas temia assim mesmo. Seria mais uma de suas rotinas? Gostava de cultivá-las e não se adaptava facilmente às mudanças, ainda mais às emocionais. Sentia falta de não dormir. Jamais imaginou isso, mas queria de volta os sorrisos parcos nas fartas madrugadas...
Patrícia Gomes
Hoje queria cobrir-te de girassóis, fazer de sua cama nosso jardim, mas Ele, o Silêncio, fez lágrimas escorrem em mim, vindas de um recanto nada manso e às vezes tão límpido que seu negror exulta.
Hoje queria corbrir-te em um manto de sorrisos, ser inteira em tua retina, mas ele encerrou-me no quarto diante de cortinas cerradas e de um azul pálido, empalidecendo as lágrimas que sentia.
Hoje, ao fim desse dia onde tudo, pra muitos, foi pura magia, pra outros esperança e ilusão, hoje que era um dia que eu muito queria, consegui dizer-te tão pouco e amiúde...
Mas hoje, ainda, nessa réstia de dia, que eu possa te fazer ciente do que queria, e assim digo-te somente e todavia: Amo-te, com a alma e a vida!